Constelações, intermitências e alguns rumores

22 Outubro - 21 Novembro 2015

Toda produção artística possui um centro irradiador, uma centelha que ilumina subjetividades, gestos, experiências, pontos de vista. Quando o artista persiste na prospecção dessa fonte criativa - que significa enfrentar com coragem suas limitações e labirintos internos - é natural que dessa empreitada se desdobre uma miríade de trabalhos, referências, ensaios, aproximações estéticas e conceituais com a história da arte e a reflexão teórica. Rumo a uma constelação.

 

No Ateliê Fotô, espaço de estudos e de orientação, a atividade criativa, ao ser sensibilizada pelo conceito de "constelações", desperta e revela produções que dialogam entre o conhecimento do criador com o seu universo (o seu cosmo) e o seu tempo (o mundo). Entendemos que estimular cada um desses criadores a conviver mais amiúde com conceitos, estratégias poéticas e referências tende a gerar uma expansão do cosmo particular. Gravitar em torno de suas obsessões até que o fluxo sensível do pensamento encontre a representação mais genuína em um conjunto de imagens. 

 

As constelações são fontes límpidas em profusão metafóricas que abrem passagem para trafegar pela estética, pela geometria e mistérios da luz e das formas, deixando-se ver e serem vistas, como experiência de uma síntese em explosão. Esta exposição apresenta a produção de sete artistas visuais cujos repertórios, embora distintos, assinalam uma orientação pelo vértice da potência do pensamento em imagem. Os artistas aqui selecionados se reúnem sob o signo da busca subjetiva - sejam esses motivados por questões autobiográficas, citações à história da arte e da fotografia ou por releituras de cunho metafísico sobre a existência. 

 

Ao investirmos no preceito de "constelação", apoiados em pilares teóricos em torno do pensamento por imagem, provocamos também experimentações em intermitências. No primeiro movimento, o artista é conduzido ao centro de seu cosmo e, nesse território, arregimenta seus astros, suas cores, seus sentidos mais íntimos nas imediações do viver, reconhecendo sua linguagem e suas proposições. Depois, tem-se a concretude dessa trajetória, a obra constelada. 

 

O visitante da mostra é convidado a lançar-se a um desafio: montar sua própria constelação a partir da leitura e releitura das obras de cada um dos sete artistas. Nessa experiência, é certo que descobrirá gritos, êxtases, ecos de sensibilidade e alguns rumores, mas também a dor e o prazer de dialogar com o mundo. 

 

Eder Chiodetto e Fabiana Bruno