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algoritmo cósmico
07 ago - 04 set -
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Os trabalhos de Carla Chaim, Fernando Velázquez e Daniel Feingold exploram linguagens abstratas desde diferentes perspectivas e coincidem, do ponto de vista formal, pela preponderância de listras e grids que resultam de pesquisas muito diversas. A poética de Chaim dialoga com estratégias procedimentais que remetem à arte conceitual, mas desarticula sutilmente esta tradição ao recontextualizar seus procedimentos diante da vida, do corpo e da matéria. Na obra em questão, a artista utiliza o papel milimetrado e segue as linhas prescritas pelo papel, mas extrapola suas margens e cria um tríptico cujo display evidencia uma recusa ou impossibilidade de adesão integral a tais regras. O trabalho de Fernando Velàzquez integra sua conhecida série chamada Mindscapes, que também conta com vídeos, instalações e performances. Nesta série, o artista investiga a noção de paisagem mental lançando mão de algoritmos que sintetizam imagens abstratas, a partir de padrões do funcionamento cerebral. Já o grid de Daniel Feingold resulta de uma estratégia de busca pela unidade pictórica que foi descrita por Luiz Camilo Osório como acaso controlado. Nos trabalhos da série Estrutura, o artista aplica esmalte sintético sobre terbrim sem pincel, negociando com variáveis como o escoamento da tinta e a absorção da tela. A geometria resultante deste procedimento inscreve o grid de Feingold como resultado de um encontro com a matéria e não como um a priori formal.
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Felipe Cama
#2 - série Ledo Engano (ou coisa parecida), 2020Acrílica sobre tela
160 x 100 cm
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Outro domínio que vem sendo amplamente investido pelos algorítmicos é o da gestualidade humana. Durante a modernidade industrial o corpo foi inserido no centro de um projeto de conhecimento comprometido com a compreensão das engrenagens e geometrias do movimento corporal com o claro objetivo de otimizar as linhas de montagem. Alguns métodos de registro e estudo do movimento são hoje apropriados e subvertidos por artistas, como podemos ver nos trabalhos de Juliana Cerqueira Leite e Maria Noujaim.
Horizontal, de 2013, desdobra no domínio da pintura um pressuposto da prática escultórica de Cerqueira Leite, o de que a obra é a cristalização residual de uma ação e, neste sentido, saturada de performatividade. A imagem apresenta uma série de formas corporais impressas sobre a tela, o que poderia remeter à antropometria azul de Klein, mas o dinamismo da imagem e o diagrama que recompõe (ficcionalmente?) o movimento do corpo no espaço da tela talvez tenham mais a ver com as imagens resultantes dos estudos de Gilles de La Tourette sobre a caminhada, publicados em 1886. O trabalho da série Seriação, de Maria Noujaim também se inscreve na interface entre o corpo e a linguagem, consistindo na marcação, em nanquim sobre papel, de uma notação rítmico-performativa.
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Julien Prévieux
Patterns of Life, 2015
Vídeo 2k, cor, som
15’30”
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A pressuposição de regularidades e padrões subjacentes a determinados fenômenos orientou grande parte da ciência moderna em seu projeto de decodificação do mundo. O desenvolvimento de métodos e instrumentos de extração destes padrões não é, entretanto, monopólio das instituições científicas. Os trabalhos de Cadu, Letícia Ramos, Haythem Zakaria e Gyula Sagi testemunham a potência poética da invenção de dispositivos para inscrição não figurativa dos mais variados fenômenos.
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A criação de estratégias para reivindicar ou representar uma ordem secreta que dê forma ao mundo pode ser observada nos trabalhos de Janaina Mello Landini, Katia Maciel, Flora Assumpção e Rodrigo Braga. A obra apresentada da série Ciclotrama, de Mello Landini, apresentada aqui acrescenta à sofisticada pesquisa da artista, marcada pela composição baseada em um sistema reticular de cordas e fios, uma série de notações numéricas que quantificam a complexa estrutura, revelando a matemática subjacente à beleza do trabalho.
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Katia Maciel
PISTA | INSTALAÇÃO | 2015
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Pedro Hurpia
The Hummmmm | 202021:9 | 9'50" | stereo | legendas em português | cor
* necessário fone de ouvido | headphones required
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Se nosso planeta, suas formas orgânicas e seus mistérios são escrutinados a partir de nosso desejo de conhecer os padrões e regularidades de fenômenos que podemos ver/conhecer, o investimento da razão algorítmica não se limita ao planeta Terra. Fonte de mistérios e manancial de referências poéticas, a ordem cósmica inspira as obras de Gyula Sagi, Gustavo Torrezan, Mayana Redin, Feco Hamburguer, Cinthia Mendonça e Luiza Crosman aqui apresentadas.
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Mayana Redin
1 Malevich Pixel, 2020 -
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Luiza Crosman
A Mulher do Tempo, 2020
15m35s
performance
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Os esforços para acessar padrões que organizam invisível e silenciosamente o mundo não se concentram exclusivamente na ciência e nas tecnologias algorítmicas contemporâneas. Talvez a crença em uma ordem cognoscível subjacente a tudo o que nos cerca seja um aspecto inerente à própria ideia de cultura. Nesse sentido, os trabalhos de Thiago Hersan, Alexandre Vogler, Juliana Freire e Edson Secco, Camile Sproesser, Nadam Guerra e Ergin Çavusoglu ajudam-nos a vislumbrar outras narrativas nas quais a razão algorítmica dialoga com saberes e práticas esotéricos, místicos e oraculares.
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Thiago Hersan
Algotypes, 2020
Instalação
Dimensões variáveis
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Alexandre Vogler
Duplo Fresnel 5, 2014/18
Serigrafia sobre papel
130x254cm
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ORBE I
Juliana Freire e Edson Secco
Arte Sonora ( sound art ), 2021
7m27s -
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Nadam Guerra
Pintura do dia 2021/série 2 - Oráculo do Insta
Técnica mista sobre algodão (Terra, pigmentos minerais, aquarela, nanquim, acrílica)
115 x 160 cm
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Devido à especificidade de algumas obras, nem todos os trabalhos estão disponíveis na visualização em 3D.
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