Devolvo Ouro: Gabriel Chaim

31 Julho - 21 Agosto 2021

“Neste momento, não podemos fazer uma exposição romântica”. Com esta frase o curador Marcello Dantas definiu a tonalidade da segunda mostra individual de Gabriel Chaim na Zipper Galeria: “Devolvo Ouro”, aberta a partir do dia 31 de julho.

O povo Yanomami é uma das mais isoladas comunidades indígenas da América do Sul. Porém, eles vêm sendo massacrados por uma sucessão de eventos originados pelo garimpo ilegal de ouro em suas terras. Além da mineração, os garimpeiros poluem os rios com mercúrio, trazem doenças, desmatamento e violência extrema. Esta exposição do fotógrafo Gabriel Chaim traz imagens capturadas em seu território e revela as condições em que os Yanomami têm vivido.

 

Nos últimos três anos, o aumento do garimpo ilegal cresceu vertiginosamente diante da redução da fiscalização e controle por parte do Governo. Respeitar e proteger essa etnia, sua terra e seu modo de vida é a única maneira de minimamente legitimar a nossa invasão do espaço.

 

Gabriel Chaim é um fotógrafo, documentarista e cinegrafista brasileiro experiente em zonas de conflitos no Oriente Médio, com longas passagens pelo Iraque, Síria, Curdistão e Iêmen. Agora, Chaim se aventurou no local mais profundo da identidade viva dos povos originários das Américas. Os Yanomami entregaram a ele algo profundo de si mesmos, que é a luta para permanecerem vivos.

 

Diante da sequência de ilegalidades que contornam esses fatos, estamos propondo que a prática cultural esteja engajada na reparação às violações dos direitos desse povo. Acreditamos que todos que por aqui circulam têm sua parcela de responsabilidade nessa equação. De uma certa indiferença do Brasileiro quanto a diversidade cultural e dimensão simbólica dos povos que aqui habitam até o ouro extraído que depois é encontrado à venda nas joalherias das cidades.

 

A proposta é reverter este fluxo, permitindo que a comercialização das fotos seja revertida em ouro a ser integralmente devolvido ao povo Yanomani como forma de proteção aos ataques que vêm sofrendo. Em um mecanismo que coloca também o cidadão consciente como um agente transformador dentro da medida do que se pode atuar.


Marcello Dantas