A Zipper Galeria apresenta, a partir de 14 de junho, a nova exposição individual da artista Celina Portella, intitulada "Uma, nenhuma e cem mil". A mostra reúne um conjunto inédito de trabalhos em vídeo, fotografia, gravura e instalação, aprofundando as investigações da artista sobre corpo, matéria e percepção — agora, também com ênfase na fragmentação da imagem e seu ocultamento.
 
O título remete ao romance de Luigi Pirandello que conta o impasse existencial de um sujeito que se vê dividido entre a imagem que tem de si e as múltiplas imagens projetadas sobre ele pelo olhar do outro. Assim como na obra literária, a artista parte do princípio que cada imagem é, na verdade, um reflexo das subjetividades alheias – e é precisamente esse jogo de percepções que constitui o cerne de sua investigação.
 
Ao ocultar o rosto em diversas obras, a artista retira da figura a sua marca mais evidente de identidade, abrindo espaço para leituras que ultrapassam o autobiográfico. Celina tem interesse por um corpo-sem-identidade, capaz de representar muitos outros. Em vez de afirmar uma individualidade fixa, ela opera uma dissolução do eu em multiplicidade: o corpo como um campo fluido, dividido entre o um, o nenhum e os cem mil.
 
Na exposição, instalações feitas com rolos de papel dialogam com a arquitetura do espaço, criando obstáculos e dobras que reconfiguram a experiência do visitante. O corpo da artista, impresso em escala real, é parcialmente encoberto pelas próprias folhas que o formam. Em outras obras, fotografias em preto e branco revelam corpos fragmentados ou parcialmente ocultos; gravuras impressas sobre papel amassado; e um vídeo com imagens da artista dançando projetado sobre o mesmo papel que manipula ao vivo.
 
A exposição enfatiza o apagamento e o deslocamento. “Uma, nenhuma e cem mil” é, assim, um desdobramento da pesquisa contínua de Celina Portella sobre as múltiplas formas de representar o corpo, em diálogo com diferentes linguagens.