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TERESA VIANACOR EM CARNE VIVA
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Ao longo de mais de três décadas de trajetória, Teresa Viana construiu uma poética característica, baseada na fisicalidade da cor. Usando principalmente a técnica da encáustica — mistura de cera de abelha e tinta a óleo —, Teresa cria pinturas pulsantes, tridimensionais, instáveis, que envolvem o espectador por completo.
Seus trabalhos buscam ativar os sentidos: visão, tato imaginado, olfato e afeto. A pintura, para ela, é um acontecimento, um corpo em estado de vibração.
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Encáustica como linguagem
A poética de Teresa Viana é indissociável da matéria. Sua técnica principal — a encáustica — combina óleo e cera de abelha, resultando em uma pintura espessa, vívida, quase escultórica. A cor não é aplicada: ela é construída em camadas, massas, blocos que se projetam para fora da tela.
Em sua pintura, a cor é matéria viva. É comum que as camadas atinjam até cinco centímetros de profundidade, criando relevos que jogam com luz e sombra, e que atiçam o tato imaginado.
A artista utiliza uma paleta vibrante de cores artificiais, viscosas, saturadas — como rosa chiclete, verde rançoso ou vermelho vinho. Essa estratégia cromática não busca harmonia, mas sim provocar uma experiência contraditória, que atrai e repele ao mesmo tempo.
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Entre abstração e figuração
A pintura de Teresa Viana opera entre o abstrato e o figurativo, sem jamais se fixar em um desses polos. Suas imagens nascem da escuta atenta do processo, do gesto, da matéria. Ainda assim, formas e paisagens podem emergir — como ecos, como lembranças difusas, como cidades que nunca vimos, mas sentimos.
Em cada tela, há uma perda deliberada de rumo, o que também se manifesta na decisão de não nomear os trabalhos. Ao evitar títulos explicativos ou descritivos, Teresa preserva o enigma das imagens e reforça a liberdade interpretativa do espectador.
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