Daniel Mullen Glasgow, Escócia, 1985

Daniel Mullen investiga sobre como percebemos o mundo através de relações entre cor, luz, forma e matéria. Sua obra propõe uma experiência ativa de olhar, na qual a percepção se transforma conforme o corpo se move, a luz se altera e o espaço se reorganiza ao redor do observador.

 Daniel Mullen (Glasgow, Escócia, 1985) é artista escocês radicado na Holanda, onde vive e trabalha em Amsterdã. Formado em 2011 em Belas Artes pela Gerrit Rietveld Academie, em Amsterdã, desenvolve uma prática que parte da pintura abstrata geométrica e se expande para a escultura e a instalação, sempre com foco nas percepções visual, espacial e emocional das relações entre cor, luz, forma e matéria. Em seu trabalho, a obra é entendida como campo de experiência: o sentido emerge no encontro entre superfície e profundidade, entre objeto e ambiente, entre olhar e presença do observador.

 

Nas pinturas, construídas em camadas translúcidas de tinta acrílica sobre linho cru, Mullen trabalha com uma paleta deliberadamente restrita, muitas vezes limitada a três cores primárias, para investigar como pequenas variações cromáticas e estruturais podem acionar grandes deslocamentos perceptivos. Retângulos, grades e módulos repetidos funcionam como eixo compositivo e, ao mesmo tempo, como dispositivo para gerar profundidade, instabilidade óptica e ritmos que nunca se estabilizam por completo. A precisão quase arquitetônica convive com a presença da mão, fazendo com que as telas pareçam digitais à distância, mas revelem o processo manual no olhar aproximado. Sua pesquisa dialoga com tradições como a Bauhaus, os estudos cromáticos de Johannes Itten e Josef Albers, o Light and Space Movement da Califórnia e o legado da abstração concreta e neoconcreta.

 

Nos últimos anos, Mullen expandiu essas questões para o espaço tridimensional. Em séries recentes, cria esculturas em aço inox espelhados também relevos em MDF pintado e porcelana pigmentada. Em todo o conjunto, a abstração opera como uma linguagem capaz de conectar referências que vão da arquitetura modernista a espiritualidade e linguagens digitais, sem se reduzir a uma narrativa única.

 

Sua relação com o Brasil se aprofundou em 2025, com a exposição individual "nada isolado — nothing in isolation”, na Zipper Galeria. Além da Zipper, o artista já apresentou exposições individuais em instituições e galerias como FEMA (Cascais), Galeria Kogan Amaro (Zurique), Elan Fine Art (Vancouver), Marian Cramer Projects (Amsterdã), Privateview Gallery (Turim) e Appels Gallery (Amsterdã). Entre as coletivas, destacam-se mostras no Sun Valley Museum of Art (Idaho), na Bienal de Curitiba, na OSTRALE Biennale (Dresden), no Light Forms Art Center (Nova York) e em espaços como Het Hem (Zaandam) e Direktorenhaus Museum (Berlim).

 

Mullen participou de residências no European Ceramic Work Center – EKWC (Oisterwijk), na FAMA Foundation (Itu), na Wassaic Artist Residency (Nova York) e na Casa Lu (Cidade do México). Foi indicado ao Aesthetica Art Prize (2016 e 2019), ao Dutch Royal Prize for Painting (2014) e ao Buning Brongers Prize for Painting (2012), além de receber o prêmio do público no Summer Show do Nieuw Dakota e Francis Boeske Projects (Amsterdã, 2017). Seu trabalho integra coleções institucionais e corporativas no Brasil e no exterior, entre elas FAMA Museu (Itu), Akzo Nobel, Aegon, Erasmus MC, Sanquin Blood Bank (Holanda), Schlumberger (Houston), Hughes Hubbard & Reed LLP (Miami), Edison Investment Research (Londres) e Pace Architects (Kuwait).