Você sabia que a Pinacoteca de São Paulo possui obras de André Penteado em seu acervo permanente?

As imagens da série “Missão Francesa” atualizam, no acervo da Pinacoteca, debates sobre memória, história e as contradições que persistem na cultura brasileira
July 22, 2025
Você sabia que a Pinacoteca de São Paulo possui obras de André Penteado em seu acervo permanente?

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Quem percorre as salas do acervo da Pinacoteca de São Paulo, um dos mais relevantes e abrangentes do Brasil, conhece um panorama das transformações estéticas – e consequentes tensões políticas e sociais – promovidas pelos movimentos artísticos desde o século XIX até os dias atuais.  

 

Entre as obras do museu estão dez fotografias da série “Missão Francesa”, de André Penteado, que inicialmente foram apresentadas na exposição “Antilogias” no museu, com curadoria de Mariano Klautau. Desde então, essas imagens seguem em cartaz na sala dedicada ao tema “No Ateliê”, ao lado de outros trabalhos que refletem sobre as práticas e instituições da arte no Brasil. Vale dizer que a série integra também coleções de peso como as do MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro), do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e da Biblioteca Nacional da França.

 

Mas sobre o que se trata esta série?


 

“Missão Francesa” faz parte do projeto de longo prazo “Rastros, Traços e Vestígios”, iniciado por Penteado em 2015. Ao longo desse ciclo de obras, o artista investiga como episódios históricos reverberam no presente, com especial interesse nas formas como o Brasil lida – ou falha em lidar – com sua própria memória, seus patrimônios e suas instituições.

 

Para a obra, o artista volta seu olhar às instituições de ensino, cultura e arte no Rio de Janeiro, investigando as marcas e contradições deixadas por um dos episódios mais conhecidos da história cultural brasileira: a chegada, em 1816, do grupo de artistas franceses que desembarcou na cidade para implementar a pedagogia das belas-artes e fundar a Academia Imperial.

 

As fotografias de “Missão Francesa” não documentam diretamente o passado sob um intuito didático, mas revelam suas marcas, seus rastros, as zonas nebulosas de encontro da história com a política, a ideologia e o descaso. O trabalho propõe uma reflexão crítica sobre as heranças coloniais, os fracassos institucionais e a maneira como construímos, desmontamos e reescrevemos continuamente nossas narrativas coletivas. Entre as imagens, vemos  descendentes dos artistas da Missão, vistas de edifícios abandonados, detalhes de acervos e retratos de trabalhadores contemporâneos. Interessa ao artista refletir sobre a persistência de modelos importados e sobre a recorrente lacuna entre planos grandiosos e realizações concretas.

 

Visite o acervo da Pinacoteca de São Paulo

 

Quando essas imagens compõem o acervo da Pina, elas passam a fazer parte de uma narrativa maior, e continuamente nos lembram que os debates em torno das instituições, da memória e da construção simbólica da cultura brasileira seguem abertos e atravessam não só a história da arte, mas o próprio presente. 

 

Pensando nisso, te convidamos a buscar por essas obras em sua próxima visita ao museu no coração da cidade de São Paulo, e a dividir conosco suas percepções. A Pina fica localizada na Praça da Luz, e funciona de quarta a segunda, das 10h às 18h.