cheguei, cheguei. lar, lar, lar.: Ivan Grilo

26 August - 4 October 2025

Uma exposição que nasce de um ritmo respiratório. Do caminhar. Dois tempos inspirando, três tempos expirando. Uma meditação de Thich Nhat Hanh que repito como quem ancora o corpo no instante: cheguei, cheguei. lar, lar, lar. Aqui, não se trata apenas de moradia, mas de um espaço onde a vida se pacifica. Uma geografia íntima onde a respiração se assenta.

Móveis se equilibram e se organizam entre interferências. Bronze e linho contrapostos. Pontos de contato onde permanecem marcas das mãos. Não ornamentos, mas vestígios. O esforço de condensar o impalpável em matéria retirada do centro da Terra.

 

No livro Filosofia da Casa, Emanuele Coccia escreve que a casa é o lugar onde o mundo se condensa e se torna íntimo. Aqui, essa fusão se mostra: a cama respira com o quarto, a mesa sustenta palavras, o chão absorve a memória dos passos. Escrever é como construir uma casa. Escrever uma casa. A casa como corpo. O corpo como prece.

 

O último passo em bronze trazia: chegar em casa. Agora, o percurso se abre ao sublime, como no cinema de Andrei Tarkovsky, onde a intimidade do gesto se eleva até tocar o indizível.