Ana Holck — Deslocamentos Orbitais

A Zipper Galeria apresenta, até 20 de dezembro de 2024, a nova exposição individual da artista carioca Ana Holck, intitulada "Deslocamentos Orbitais", com curadoria de Taisa Palhares. A mostra reúne quatro séries inéditas — Suspensos, Expansíveis, Axiomas e Laçados — todas realizadas em 2024, que marcam uma nova fase na trajetória da artista. Com 14 esculturas, incluindo 4 móbiles, a exposição explora o diálogo entre materiais como aço inox e cerâmica, revelando uma poética que transita entre o rigor construtivo e a espontaneidade gestual.

Como observa a curadora Taisa Palhares, “ao atingir um ponto de equilíbrio entre a força da mola e os tubos de cerâmica, os trabalhos de Holck remetem à tradição da escultura construtiva, atualizando o pensamento sobre a fita de Moebius e sua circularidade contínua.” A curadora destaca também que essas esculturas dialogam com os desdobramentos da arte brasileira, em especial a invenção da linha orgânica neoconcreta, que “apontava para a reversibilidade entre exterior e interior da escultura.”

Os móbiles da série Suspensos, por exemplo, são estruturados a partir de um eixo em torno do qual as fitas de inox se entrelaçam com tubos de porcelana e barro, criando uma dinâmica de rotação que evoca um movimento orbital. Já na série Expansíveis, grandes formatos exploram a bidimensionalidade e a força expansiva dos materiais, remetendo à tradição da escultura construtiva, mas subvertendo suas premissas ao incorporar elementos inesperados, como a porcelana moldada por extrusora, que apaga as marcas digitais do barro, propondo uma materialidade impessoal.

A ideia de circularidade, uma constante no trabalho de Holck, ganha novas camadas nas obras exibidas. O curador Felipe Scovino, que acompanhou a pesquisa da artista em sua última exposição no Paço Imperial, Rio de Janeiro, destaca que, apesar de não serem peças cinéticas, há uma forte sensação de dinamismo e velocidade nas esculturas, que criam jogos de luz e sombra e prolongam as formas no espaço. "As sombras projetadas pelos trabalhos reforçam a ideia de aceleração e de uma grafia que se estende pelo ambiente", afirma Scovino.