Nascida em São Paulo, Flávia Junqueira tem o universo visual da infância e a construção de um imaginário sobre este período da vida como inspiração e ponto de partida das suas criações, nas quais cenas do real e fictício, o físico e o alegórico, o presente e o passado, o adulto e a criança se unem e se conectam. A artista usa da fotografia e da cenografia em espaços arquitetônicos ou abertos, para criar atmosferas de ilusionismo e arrebatamento.
A artista é conhecida por fotografar patrimônios históricos preenchidos com balões de gás hélio e, assim, conceber cenas que combinam o real com o fictício, o presente com o passado, o adulto com a criança.
A técnica de fotografia encenada, que Flávia Junqueira explora, permite-lhe criar imagens meticulosamente planejadas, onde todos os elementos são cuidadosamente escolhidos e organizados para expressar conceitos preconcebidos. Sua seleção de locais, principalmente teatros históricos e outros espaços culturalmente relevantes, serve como pano de fundo para suas intervenções artísticas, reafirmando a potência desses lugares muitas vezes negligenciados.
O contraste poético de temporalidades é uma característica marcante em suas obras, onde patrimônios clássicos coexistem com balões, evocando a magia da infância em cenários historicamente ricos. Flávia Junqueira revela que seu objetivo é resgatar espaços esquecidos, conferindo-lhes nova vida e narrativa, enquanto desconstrói as expectativas convencionais.
Sua obra, embora não tenha como foco principal a infância, revela uma busca por explorar realidades atípicas e elementos lúdicos como estratégias para lidar com temas complexos, como a morte e os traumas.
Os trabalhos da artista estão presentes em prestigiados acervos como o MAR-RJ, MAM-SP, MIS-SP, MAB-FAAP, Museu do Itamaraty, RedBull Station, World Bank e Instituto Figueiredo Ferraz. Doutora pelo Instituto de Arte da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo e Bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado, a artista também possui pós-graduação em fotografia pela FAAP.
Seu nome é evidenciado por sua participação em projetos e exposições de destaque, tais como "Culture and Conflict: IZOLYATSIA in Exile" no Palais de Tokyo (Paris, 2014), "The World Bank Art Program" no Kaunas Photo Festival (2010), "Tomorrow I will be born again" na Cité Dês Arts (2011) e "Subjetivo Feminino: una Mirada Latino Americana", do projeto Photo España, no Instituto Cervantes São Paulo (2009), além de "Projeto para finais felizes" na Temporada de Projetos do Paço das Artes (São Paulo, 2013), agraciado com o Prêmio Energias na Arte do Instituto Tomie Ohtake em 2009. Outras contribuições notáveis incluem "Gorlovka" no Programa Itinerâncias "Nova Fotografia" (2015) e "Tentativas e Apostas – Notas de um Processo" na exposição Red Bull House of Art- Residência Artística São Paulo-SP (2010).
Nos últimos anos, realizou uma série de exposições individuais e instalações imersivas que expandem essa pesquisa, entre elas "Flávia Junqueira no Baile", na Sala Ali – Casa Bradesco (São Paulo, 2025); a instalação imersiva no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, 2025); "Alegoría", na Sorondo Projects em parceria com a Reiners Contemporary (Barcelona, 2025); "Extasia", no Centro Cultural FIESP (São Paulo, 2024); o projeto ao ar livre da Banca Galeria no Parque Ibirapuera (São Paulo, 2024); "The Absurd and the Grace", na Gilman Contemporary (Estados unidos, 2024); "Symphony of Illusions", na Galeria Voss (Düsseldorf, 2023); "Revoada #3", no Pátio Higienópolis (São Paulo, 2022); e as mostras "Revoada" no Farol Santander Porto Alegre e no Farol Santander São Paulo (2021). Na Zipper Galeria, onde já realizou cinco exposições individuais, destacam-se "Rêverie" (São Paulo, 2024) e "Igrejas barrocas e cavalinhos de pau" (São Paulo, 2021), que aprofundam sua investigação sobre memória, teatralidade e encantamento no espaço expositivo.

