RÊVERIE: FLÁVIA JUNQUEIRA

21 Março - 4 Maio 2024
Com carrossel flutuante, a mostra "Rêverie" convida a uma reflexão sensível sobre nossa relação com as memórias da infância. Conta com texto curatorial de Carollina Lauriano.

A artista Flávia Junqueira apresenta uma instalação imersiva em sua exposição “Rêverie”: no centro da Zipper Galeria, flutuando a dois metros do chão, um carrossel imponente paira como uma visão retirada dos sonhos.


Pesando uma tonelada, o carrossel desafia a gravidade, girando suavemente no espaço, em um ambiente espelhado, transportando os visitantes para um universo onde a realidade se mistura com o fantástico.


A leveza com que o carrossel flutua confere à exposição uma atmosfera etérea. É como se o tempo se suspendesse, permitindo que os visitantes se entreguem à sensação de estar imersos em um sonho lúcido. Cada volta do carrossel traz consigo não apenas o êxtase de uma atração de parque de diversões, mas também a fantasia de uma infância perdida, reacendendo memórias de nostalgia e inocência.


De acordo com Flávia Junqueira, o propósito da instalação é convidar o espectador a um olhar mais profundo de si mesmo, de sua própria trajetória e da relação com as múltiplas camadas de suas próprias memórias da infância. 


“A proposta é relacionar uma conexão de impacto psíquico entre a obra e o espectador. Ao se deparar com a grandiosidade e peculiaridade de um icônico brinquedo de parque de diversões, cujo teor fantástico está relacionado à memória da infância coletiva, o espectador também encontra um maquinário que se revela meticulosamente exposto, refletido de forma espelhada. Trata-se de uma forma de entrar em contato com a beleza  do carrossel para além de sua pureza e deparar-se também com suas engrenagens, facetas, e camadas  refletidas”, explica a artista. 


Neste espaço, além dos artefatos provenientes do universo da cenografia e dos parques de diversão, as luzes e sons ambientes fazem refletir sobre as fronteiras da realidade e imaginação, da visão íntima de seus traumas e da revelação de seus monstros internos. Em uma mistura de êxtase e fantasia, a exposição desenha um percurso introspectivo, transcendendo a melancolia nostálgica da jornada humana.