Pedro Varela

9 Junho - 2 Julho 2016

A paisagem tropical e seu imaginário construído por representações reais e fictícias a partir de um olhar para história da arte tem sido uma das questões tratadas pelo artista Pedro Varela em sua produção mais recente. Na próxima individual do artista fluminense na Zipper Galeria, que inauguramos no dia nove de junho, a mesma temática volta a aparecer, desta vez em um novo conjunto de pinturas em que ele passa a inserir também personagens reais e fictícios por entre um emaranhado de flores, plantas e caules.

 

Com curadoria de Denise Gadelha, a mostra irá focar em um grupo de pinturas em preto e branco feitas com tinta acrílica diluída em água, criando um efeito aquarelado que faz com que estes trabalhos estejam num lugar entre a pintura e o desenho. Ao trabalhar com uma paleta reduzida, o artista reforça um certo contraste entre a representação de um universo tropical na qual cores vibrantes costumam ser um elemento característico.

 

A relação entre ficção e história é outro tema também bastante presente nesses trabalhos. Personagens de diversas épocas que contribuíram para construir a ideia de uma identidade tropical se misturam aos elementos da natureza de forma difusa e por vezes pouco nítida. Entre eles, destacam-se, por exemplo, uma imagem do pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), do jornalista Vladimir Herzog enforcado, da cantora Carmem Miranda, índios antropófagos e do personagem Amigo da Onça.

 

"Essas figuras são quase como fantasmas dos trópicos: índios antropófagos, monstros idealizados pelos conquistadores durante a colonização, representações de divindades africanas, personagens históricos e fictícios que se misturam a essa flora e, muitas vezes, se perdem em meio ao turbilhão de referências emaranhadas. As composições surgem em formas abstratas, que podem ser entendidas como uma paisagem que deve ser acessada aos poucos pelo olhar do espectador", explica Varela.

 

Além das telas, o artista irá apresentar também uma instalação pictórica feita com vinil adesivo que parte das telas e se estende pelo chão da galeria.

 

Sobre a curadora

Denise Gadelha é mestre em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da UFRGS. Em 2012 cursou o programa intensivo de Art and Business no Sotheby’s Institute of Art em Londres. Atua como artista, professora e curadora. Conduziu o projeto de pesquisa que resultou na exposição Fotos contam Fatos na Galeria Vermelho em 2015. Fez a curadoria da exposição Armadilha para distender o espaço de Diego Arregui no projeto Zip’Up na Zipper Galeria, e mediou o debate O livro como estratégia artística e fotográfica realizado durante a SP-Arte/Foto 2015. Em 2014 participou da II Bienal de Fotografía de Lima apresentando a individual DúO na Galeria El Ojo Ajeno. Nesta mesma bienal foi co-curadora da exposição Brasil: voces en la multitud, Assef, De Andrade e Morais na Sala Inca Garcilaso, Lima, Peru. Em 2014 integrou a exposição MAC21 – um museu do novo século, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Ainda em 2014 curou a exposição Vertigo realizada na SIM Galeria e a individual do artista espanhol Isidro Blasco intitulada Descontrução da Paisagem no MuMA, ambas em Curitiba.