Porcelana e vulcão: João Castilho

6 Agosto - 12 Setembro 2015

Um dos nomes de maior destaque da fotografia brasileira contemporânea, João Castilho é tema de uma nova individual na Zipper Galeria. Intitulada Porcelana e Vulcão, a mostra reúne uma série de obras inéditas que aprofundam sua pesquisa conceitual e formal no campo da fotografia e do vídeo. Além disso, ele apresenta ainda obras de inspiração escultórica, uma nova vertente de sua produção. 

 

De acordo com o artista, os trabalhos reunidos relacionam-se com ideias e imagens associadas aos materiais apontados no título - entre a leveza e delicadeza da porcelana e o peso e fúria do vulcão. Há uma vontade de ruptura com a permanência das coisas e dos seres no mundo. Porém, segundo ele, a angústia da estagnação não é um estágio que possa ser vencido com facilidade; é um estado permanente.

 

Na foto-instalação Corte (2015), dezenas de fotografias de tamanhos variados exibem fendas, fissuras e cortes em esculturas de ferro. A escultura em resina Cão (2015), por sua vez, mostra um cachorro tentando morder a própria cauda. No vídeo Alvo (2015), vemos um suporte atingido por várias flechas simultaneamente. 

 

Outra série iniciada pelo artista este ano são as colagens Dinheiro Pintado (2015), feita com um conjunto de notas de R$ 10 manchadas com uma tinta vermelha quando retiradas de caixas eletrônicos em tentativas de roubo. Já o grupo três esculturas em cerâmica Irreversíveis (2014) mostra jabutis posicionados de cabeça para baixo. A exposição traz ainda duas fotografias da premiada série Zoo (2014-2015).

 

Os trabalhos de João Castilho têm inspiração na literatura, na arte, na cultura popular, na atualidade e em sua própria história, oscilando entre a memória pessoal e coletiva Explora temas existenciais e políticos da vida e da morte, do bem e do mal, da inocência e da culpa, da pulsão e do medo.

 

As obras presentes na exposição carregam um tipo de anulação, de força imutável, como se os seres - homens, animais - tivessem muita dificuldade de sair do estado em que se encontram. Como num pântano. As obras apresentam problemas insolúveis e questionam o mito do progresso.