Conheça cinco perspectivas sobre a paternidade por meio da arte

De reflexões de sobre papéis sociais a cenas comoventes, estes artistas refletem a figura paterna
Agosto 9, 2023
Conheça cinco perspectivas sobre a paternidade por meio da arte

 

Em celebração ao Dia dos Pais que se aproxima, selecionamos cinco artistas modernos e contemporâneos que se debruçaram sobre a representação da paternidade. Entre obras que desafiam as normas culturais e os papéis de gênero tradicionalmente associados à figura masculina, e representações que abrangem desde momentos singelos de intimidade até histórias comoventes, esses profissionais discutem, por meio da arte, diferentes perspectivas sobre a figura paterna.

Conteúdo do artigo:


 

Marcellina Akpojotor

Papa's Girl, 2021, Marcellina Akpojotor


A artista nigeriana Marcellina Akpojotor cria retratos vibrantes e texturizados a partir de colagens de retalhos sobre tela. Baseando-se em seus próprios relacionamentos com sua família, ela elabora imagens de entrosamento, sempre reivindicando o empoderamento das mulheres na sociedade, ainda que longe da abordagem panfletária. Em “Papa's Girl”, por exemplo, Akpojotor sugere um gesto atencioso e delicado de um pai que ajeita os sapatos da filha, como uma forma de promover os modelos de paternidade que a artista acredita. 

 

Sage Sohier

Sage Sohier, Bill e Ric, com a filha de Ric, Kate, San Francisco, 1987.


Na década de 1980 nos Estados Unidos, os relacionamentos homossexuais ainda eram discretos, senão completamente velados. As custódias eram postas em cheque independente da excelente paternidade que pudessem oferecer. Estimulados pela mídia e pela desinformação sobre o advento da AIDS, o imaginário sobre as pessoas LGBT’s era carregado de estereótipos ligados à promiscuidade. Sob este contexto, a fotógrafa Sage Sohier decide, então, criar a série “Em casa com eles mesmos”, que reúne registros de cenas habituais de afeto destas famílias, como um beijo de despedida antes do trabalho, um momento de descanso frente à televisão ou uma receita feita à seis mãos.

 

Candido Portinari

Candido Portinari, Pai e Filho, 1959


Na tela do brasileiro Candido Portinari, vemos uma cena e pinceladas aparentemente simples (características do estilo do pintor), mas que criam uma composição altamente expressiva. As cores vibrantes da tela contrastam com o semblante descontente do homem. O chapéu e a mala do homem adulto, somado a sua posição de costas para a porta aberta, sugerem sua chegada do trabalho. A criança acolhe seu rosto no braço do pai e segura sua mão como se suplicasse ou agradecesse sua presença de volta à casa.

 

Titus Kaphar

Titus Kaphar, Father and Son, 2010


A obra “Father and Son”, à primeira vista, pode parecer um retrato do grande sociólogo norte-americano W.E.B. Du Bois segurando um cobertor que envolve um bebê adormecido. Mas, depois de um olhar um pouco mais atencioso, percebemos que, na verdade, o cobertor é um tecido de tela costurado na pintura. Du Bois testemunhou a morte prematura de seu primogênito, quando este tinha apenas dois anos de idade por não ter encontrado nenhum médico que atendesse bebês negros a tempo de tratar sua doença. Na pintura de Kaphar, a tela em branco sinaliza as invisibilizações e discriminações sociais, ao passo que torna-se a personificação da perda. 

 

Vincent Van Gogh

Vincent Van Gogh, First Steps, after Millet, 1890.

A obra acima trata-se de uma releitura do famoso quadro "Primeiros Passos" (em francês, "Les Premiers Pas") do artista Jean-François Millet. Entre o final de 1889 e o começo de 1890, Van Gogh, enquanto paciente voluntário no asilo em Saint-Rémy, pintou vinte e uma cópias de Millet. Ele partia de reproduções ou registros das obras em preto e branco e, então, improvisava as cores em sua tela. Pintado alguns meses antes da morte do holandês, "Primeiros Passos" retrata a simplicidade e a beleza da vida cotidiana rural, temas recorrentes tanto na obra de Millet quanto na de Van Gogh.

 

Visite a Zipper 

 

Atualmente a Zipper está exibindo a exposição "Deitar o vermelho sobre o papel branco para bem aliviar seu amargor", do artista Fábio Baroli e curadoria de Galciani Neves. Se você gostou de conhecer as obras acima, você também pode se interessar por conferir outras como “Meu pai quando era mais velho", pintura inédita presente na exposição, em que o artista retrata o próprio pai em uma cena cotidiana. 


Serviço: 

 

“Deitei o vermelho sobre o papel branco para bem aliviar seu amargor”

Data: até 02 de setembro de 2023

Local: Zipper Galeria

Endereço: R. Estados Unidos 1494 - Jardim América - São Paulo

About the author

Giovana Nacca

Giovana Nacca é artista visual por formação universitária, redatora em portais de arte contemporânea e criadora de conteúdo no Instagram @gisplicando.