
No último dia 05 de maio, diversas celebridades chamaram atenção para seus looks ao desfilar pelo icônico tapete vermelho das escadarias do Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Sob o tema “Superfine: Tailoring Black Style” (Superfino: o estilo negro na alfaiataria), a edição de 2025 do Met Gala foi, mais uma vez, um dos eventos mais aguardados e comentados do calendário cultural anual. Mas você já se perguntou sobre o que consiste este evento? E por que ele acontece dentro de um museu? E mais, sabia que uma mega exposição correspondente, no próprio MET, será inaugurada no próximo sábado, dia 10 de maio e ficará em cartaz até 26 de outubro de 2025?
Entenda a seguir todos os detalhes desta festa que é um dos maiores entrosamentos entre arte e moda do mundo.
Conteúdo do artigo:
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O que de fato é o MET Gala e por que ele acontece em um museu?
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Arte e moda de mãos dadas para uma estratégia de filantropia museológica
O que de fato é o MET Gala e por que ele acontece em um museu?
"Superfine: Tailoring Black Style", no Metropolitan Museum of Art, 2025. Foto: Slaven Vlasic/Getty Images
O Met Gala é um evento, que acontece tradicionalmente na primeira segunda-feira de maio para arrecadar fundos para o Costume Institute, o departamento de moda do Metropolitan Museum of Art, que abriga uma das coleções de vestuário mais importantes do mundo. A festa marca a abertura da principal exposição anual deste setor do museu, mas, na prática, funciona como um grande espetáculo de moda e cultura pop, especialmente por conta do desfile dos convidados pelo icônico tapete vermelho, onde cada um exibe suas interpretações do tema da noite. Lá dentro, e longe das câmeras, acontece um jantar privado seguido de uma visita guiada à exposição e apresentações musicais.
Ou seja, apesar dos holofotes estarem voltados para as celebridades convidadas – e o museu e sua programação, por vezes, pareçam apenas o pano de fundo do espetáculo –, o evento foi criado por e para o MET.
Como um evento museológico se tornou um “Oscar da moda”?
O Met Gala foi criado em 1948 pela publicitária Eleanor Lambert, uma das figuras mais influentes da moda estadunidense do século XX. Mas, na época, o jantar beneficente não tinha o apelo midiático de hoje, era apenas frequentado pela alta-sociedade nova-iorquina e as mostras eram mais acadêmicas. Foi só a partir de 1972, com a chegada da editora de moda Diana Vreeland como consultora especial do Costume Institute, que o Met Gala começou a se transformar em um evento mais teatral e fashionista.
MET Gala em 1972, quando o evento destacou o lado menos formal da moda sob o tema “Untailored Garments”.
Ao longo das décadas, o evento foi ganhando cada vez mais força. Mas foi sob a liderança de Anna Wintour, que assumiu a organização nos anos 1990, que o Met Gala teve uma virada definitiva para o formato atual. Wintour deu ao Gala o glamour de uma première de Hollywood. Ela convidou celebridades, designers e artistas para “vestirem” o tema da exposição. Com ela, o evento definitivamente virou o “Oscar da moda” e o Costume Institute se tornou uma vitrine para pensar vestuário como linguagem artística, histórica e política.
Anna Wintour no MET Gala 2025 – Foto: Getty Images
Arte e moda de mãos dadas para uma estratégia de filantropia museológica
Considerando que a sustentabilidade financeira dos museus é um desafio global e histórico, e que nos Estados Unidos boa parte dos recursos vêm da iniciativa privada, o MET Gala nasceu como uma solução pragmática, sendo um evento que arrecada milhões em uma única noite e canaliza recursos diretamente para o Costume Institute, que não recebe verba do orçamento central do museu. Ao colocar figuras mundiais influentes vestindo peças-conceito dentro de um museu, o espaço atrai o interesse de marcas de luxo, que veem valor em associar seus nomes à arte.
No fim, a estratégia é uma via de mão dupla de valorização para ambas as áreas: quando a moda entra no museu, ela é legitimada como arte, ao passo que o museu se transforma em vitrine da indústria da moda. Nesse sentido, é importante perceber que seria muito improvável que a instituição conseguisse realizar uma ação filantrópica da mesma escala e impacto do MET Gala sem o apelo específico da moda, afinal ela é o campo artístico mais diretamente conectado ao universo das celebridades e está entre os setores mais rentáveis do mercado cultural. É por meio da moda que o museu se atrela à figuras como Rihanna, Zendaya ou A$AP Rocky, sem as quais dificilmente conseguiria mobilizar tanto interesse e cobertura da mídia global.
Janaina Mello Landini e uma homenagem Iris Van Herpen
Desde os vestidos pintados por artistas modernistas para as elites do século XX, até o trabalho têxtil sendo redefinido na arte contemporânea, ou ainda as colaborações contemporâneas entre estilistas e museus, os limites entre arte e moda sempre foram porosos. E se você se interessa em saber mais sobre esses entrosamentos, acompanhe a participação da artista Janaina Mello Landini na exposição “Sculpting the Senses”, que homenageia a carreira da estilista holandesa Iris Van Herpen. A mostra, que já passou pelo Musée des Arts Décoratifs, em Paris, chega a Cingapura, no ArtScience Museum, apresentando a obra “Ciclotrama 310 (superstrato)”, de Landini, feita especialmente para a ocasião.
Serviço:
Iris Van Herpen – Sculpting the Senses
Local: Marina Bay Sands | ArtScience Museum – Singapura
Período expositivo: até 10 de agosto 2025