
Na efervescência deste segundo semestre do calendário do circuito de arte brasileiro, nesta semana a Zipper Galeria participa da ArtRio, que acontece entre os dias 10 e 14 de setembro, na Marina da Glória, Rio de Janeiro. Trazemos aqui uma prévia da nossa curadoria, com cinco obras que serão apresentadas no estande A11 da feira.
Conteúdo do artigo:
Flávia Junqueira, Theatro Circo #3, 1915, Braga, 2024
O Theatro Circo, inaugurado em 1915, é um dos grandes marcos arquitetônicos e culturais de Braga, Portugal, e ao longo de mais de um século testemunhou óperas, peças teatrais, concertos e acontecimentos sociais. Mas na fotografia inédita da artista Flávia Junqueira (São Paulo, Brasil, 1985) o espaço português se torna palco de si mesmo.
Os balões, elementos frágeis e recorrentes nas festas de aniversário de crianças, somados aos confetes ao chão, contrastam com a antiguidade do edifício centenário. O que antes poderia ser percebido como um espaço de aura intocável, ganha aqui ares de festa interrompida, de infância que invade a memória adulta.
Junqueira justapõe aqui a pompa do início do século XX, o presente festivo, e a inevitável decadência futura. A intenção da artista é, portanto, convidar o adulto que observa seu trabalho a voltar a se entregar ao lúdico.
Jessica Costa, Sobejos XVI: torções, 2025
Na obra “Sobejos XVI: torções” (2025), a artista Jessica Costa (São Paulo, Brasil, 1988) utiliza a tufagem manual para criar uma espécie de pintura em lã, que também assume uma dimensão escultórica.
O título da série, “Sobejos”, refere-se ao que sobra, ao excedente, ao que é superabundante. Na peça, a moldura de madeira, que a princípio delimitaria o campo compositivo, é transbordada pelos volumes de lã natural.
As texturas e volumes já seriam intrínsecos ao material e à técnica utilizados, mas a artista, interessada no potencial pictórico do meio, faz uso de degradês de cores para criar a ilusão de ainda mais profundidade e relevo.
Laura Villarosa, Mata Atlântica, 2025
Com linhas, cerâmica e tinta acrílica, Laura Villarosa (Palermo, Itália, 1961) constrói um ecossistema material, baseando-se na hibridização que corresponde à própria complexidade do bioma que dá título à obra.
As linhas bordam a trama da mata, suas ramificações e raízes. Villarosa costura seu cultivo. A cerâmica, material que deriva de matérias-primas da terra, além de dialogar poeticamente com o motivo da composição, introduz a solidez em meio a organicidade natural. Já a tinta acrílica dá o tom do campo atmosférico celeste.
Nina Pandolfo, Doçura, 2025
Com um estilo pictórico inconfundível, Nina Pandolfo (Tupã, Brasil, 1977) imagina em "Doçura" (2025) um universo onde a figura humana, fauna e flora sejam ainda mais indissociáveis. Na obra, moscas, libélulas e uma rã orbitam a personagem principal. A menina, vestida com folhas e pequenas flores, tem fungos brotando diretamente de seu braço e a cabeça transformada no topo de um cogumelo vermelho. Seus grandes olhos alaranjados também se assemelham aos do anfíbio que repousa sobre sua cabeça. “Doçura” encena uma mitologia a partir do corpo humano em simbiose com a natureza para pautar a interdependência ecológica e a ideia de força que provém do sensível.
Pedro Varela, Sem título, 2025
O primeiro aspecto que chama a atenção na pintura de Pedro Varela (Niterói, Brasil, 1981) é a atmosfera etérea. Na paisagem onírica, feita em acrílica sobre tela, uma vegetação que floresce em cores vibrantes é diluída no fundo azul. Nesses contornos líquidos, o artista cria seu oásis como uma miragem.
A paleta iridescente e os elementos ornamentais remetem à ideia do “exótico” comumente projetada sobre as paisagens tropicais, sobretudo quando vistas de fora, sob um olhar estrangeiro que tende a transformar diversidade em fantasia.
Visite o estande da Zipper Galeria
ArtRio
Estande A11 – Zipper Galeria
De 10 a 14 de setembro de 2025
Marina da Glória – Rio de Janeiro, RJ
Horários:
Quarta, 10/9, das 13h às 20h
Quinta, 11/9, das 13h às 20h
Sexta, 12/9, das 13h às 20h
Sábado, 13/9, das 14h às 20h
Domingo, 14/9, das 14h às 20h