O Metaverso e a Arte

Afinal, como funciona o tal do metaverso, e por que ele gera tanto conteúdo?
January 27, 2022
O Metaverso e a Arte

Desde que o metaverso foi anunciado por Mark Zuckerberg como a nova expansão do Facebook e da internet, o interesse comercial no virtual vem crescendo de forma estrondosa. Marcas de roupa, por exemplo, vendem peças virtuais para avatares que vão perambular os halls da internet, artistas criam NFTs como fotos de perfil, e uma galeria de arte chinesa já existe dentro de um videogame

 

Agora, para quem não faz parte destes mundos, talvez as coisas estejam se movendo de forma demasiada rápida, e a razão por trás de tudo isso confunde. Afinal, como funciona o tal do metaverso, e por que ele gera tanto conteúdo?

 

O que você vai ver nesse artigo:

  • O que é o metaverso?

  • A expansão dos mercados

  • A evolução da internet

 

 

O que é o metaverso?

 

O metaverso é uma simulação virtual 3D, onde, aos poucos, a vida é recriada e expandida. De galerias de arte a lojas de roupa e redes sociais, sites e empresas começam a migrar para o metaverso. E como um parque de diversões ou um videogame, cada novo espaço adicionado, abre portas para visitas e exploração. 

 

No metaverso, cada usuário terá seu próprio avatar, que será utilizado para andar pelos espaços de realidade aumentada e se comunicar com outras pessoas. Reuniões de empresa, por exemplo, poderão deixar o Zoom e migrar para escritórios simulados no metaverso, onde você trabalha com seus colegas. E à medida que óculos de realidade virtual ficam mais acessíveis, o conceito do metaverso se torna mais palpável. 

 

A expansão dos mercados

 

A Sotheby’s, por exemplo, a casa de leilão de arte mais antiga do mundo, abriu no final do ano passado uma réplica de suas galerias no metaverso. Como um Online Viewing Room (OVR) mais interativo, você visita uma galeria de arte em sua forma física (virtual) e interage com os outros visitantes, e até mesmo compra um quadro. 

 

 Zipper lançou seu primeiro Online Viewing Room. Entitulado Algoritmo Cósmico,”

 

 Já a Christie's se destacou em outubro de 2021 com a plataforma 1-54 Online, um OVR que apresenta cerca de 500 obras e mais de 150 artistas de toda a África e da diáspora, juntamente com a exposição física na Somerset House. A 1-54 já apresentou artistas brasileiros como No Martins e Zéh Palito, Mestre Didi e Abdias Nascimento na última edição.

 

Comprar arte pela internet, diga-se de passagem, não é nada de outro mundo, fazemos isso faz tempo. Mas ter a possibilidade de interagir, perguntar e examinar a obra de forma virtual é certamente uma novidade. Quando os NFTs chegaram, talvez tenham sido um prenúncio do metaverso. A arte, afinal, está sempre à vanguarda, e seus posicionamentos, os posicionamentos daqueles que manifestam seu universo—artistas, colecionadores, curadores, críticos e marchands—servem de anúncio das próximas trends no mundo. A venda de NFTs ultrapassou a marca de 23 bilhões de dólares em 2021.

 

Não há surpresa então quando o mercado da moda tão rápido aderiu ao metaverso, ou quando a Samsung anunciou o plano de vender NFTs diretamente da tela de suas TVs. As inovações da arte andam de mãos dadas com a as inovações tecnológicas, e as tendências do mercado ditam as tendências da vida. 

 

(Imagem: Samsung/Reprodução)

 

 

A evolução da internet

 

Embora o conceito do metaverso comece a fazer mais sentido, permanece a pergunta: O que acontece com tudo que é criado dentro do metaverso? Essa é uma ideia um tanto quanto abstrata ainda, porque o metaverso toca a vida de maneira muito concreta—os valores arrecadados dentro do mercado financeiro são prova disso—mas suas bases são invariavelmente virtuais. 

 

Ou seja, o metaverso faz com que a interação online se torne cada vez mais complexa, mas acaba por ampliar seu mundo somente dentro de seu próprio mundo. É a evolução da internet, que no século 21 deixou de ser uma simples ferramenta para a vida física, e virou um universo por si só. 

 

Esse caminho trilhado faz tempo, e deve muito à expansão das redes sociais. O YouTube, por exemplo, nasce como uma ferramenta de compartilhamento de vídeos online, mas rapidamente se expande com o advento do comentário sobre a própria internet. Esse “meta-comentário” cria uma cadeia de conteúdo por si só, onde muitas vezes o alvo de comentário é o próprio YouTube, ou a própria internet, e o mundo virtual se desenvolve a partir de si mesmo, dentro de si mesmo. Canais de vídeos viram marcas, páginas na internet também, e quando um comenta sobre a existência (virtual) do outro, o conteúdo (virtual) criado amplia o espaço (virtual) no qual existe. 

 

Quando Zuckerberg anunciou o novo nome da companhia Facebook (Meta), entendemos como um simples jogo de marketing—na série Mad Men, sobre executivos de publicidade nos anos 60, uma das personagens diz: “Se você não gosta da conversa, mude a conversa”—mas, na verdade, o bilionário e seu time nomearam em cheio o trend virtual: O metaverso aparece com impacto estrondoso porque foi plantado em terreno fértil, amplo, e público. A internet está aí para todos que conseguem acessá-la; seu conteúdo é público e inseparável da vida contemporânea. Para continuar a crescer, bastam novos servidores.

 

Em um conto do escritor argentino Jorge Luis Borges chamado “A Biblioteca de Babel,” o narrador conta de uma biblioteca que contém todas as combinações possíveis da escrita contidas em livros. É um espaço infinito, onde vivem todos os livros do mundo, e também todas as variações de cada um deles, todas as suas traduções e toda informação da história da humanidade. É um labirinto que cresce para sempre. 

 

A moda sueca H&M lança uma loja virtual no metaverso.

 

Mas para seu avatar, você compra uma blusa da H & M, um shorts da Nike e um tênis da Vans. Você visita uma exposição de arte e encontra seus amigos. Você conversa, ri, quiçá escuta uma música, assiste a um filme, e depois faz tudo de novo. Alguns anos atrás isso seria tema de ficção científica. Hoje, essa é a nossa realidade.

 

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